A suprema lei

Edifiquei celas em plena mocidade

Lançando-me aos lobos da alcateia,

Fui operário mais raso da colmeia,

Fui manhã sem nenhuma claridade.

Apresentei-me em palcos sem plateia

De palmas mudas sem sonoridade,

Com requintes sórdidos de crueldade

Fui posto à margem e na boleia.

Sonhei com infinitos ao cair do dia

Saltando astros e sóis que me alumia

E acordei chorando, só e fatigado;

Mas foi numa lua qualquer em que pisei

Que Deus me revelou a suprema lei

Dos que já nascem nesta vida condenados.

marcelo ferraz
Enviado por marcelo ferraz em 19/10/2007
Código do texto: T700920
Copyright © 2007. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.