CONTEMPLAÇÃO LASCIVA
Os olhos dão o nó que o abraço
De longe quer, mas não consegue dar
E o pensamento aperta mais o laço,
Pretendo com beijos sufocar.
Este amor impossível tem espaço
Na imaginação, é um se dar
Que não conjuga certo o verbo amar
E da loucura anda atrás um passo.
Coisa assim de quem ama em segredo
E, às vezes, nem avança tendo medo
De amar, até no amor de poesia.
Mas a justiça, nada compassiva,
Quer a contemplação como lasciva
E à lei tipificá-la em letra fria.