3 Sonetos ao Amor - Decassílabos agalopados
Soneto ao amor humilde
Poeta Felipe Amaral
Há quem busque fortuna e aparência
Em teu ser para amar-te com motivo.
Se não virem a fama em teu tão vivo
Poemeto, descartam dele a essência.
Mas o amor não é isso que audiência
Tão esnobe deseja sem o avivo
Da verdade do afeto mais festivo
Que é humilde e zeloso na assistência.
O que há no âmago, no íntimo do amor
É o elã que celebra o esplendor
De alegrias do orgulho despojadas.
Só o amor de verdade tem poder!
Mesmo diante dos ais, insiste em ser
Dos plebeus luz em noites apagadas.
Soneto ao amor sincero
Poeta Felipe Amaral
O amor é uma mescla de fatores!
Não se pode julgá-lo tão somente
Emoção que a paixão, tão loucamente,
Nos viventes infunde e os seus pendores.
Tem da carne os prazeres e fulgores.
Tem da alma o pudor mais inocente.
Sim! Do espírito advém a força ingente
Que amor torna-o, maior que vãos amores.
A distância desfaz juras vazias;
Divergências comuns, vãs alegrias;
Inconstâncias, o amor da vaidade.
Mas as frívolas vagas desse mar
Que é a vida não podem sufocar
Um amor que é sincero de verdade.
Soneto ao amor real
Poeta Felipe Amaral
Iludida por cinematográficas
Peças belas de amor de perfeição
Sócio-estética, a alma vê razão
Em sonhar com tais cenas biográficas.
Mas as lindas paisagens cenográficas
Pouco expressam do amor a condição,
Porém muito do embuste da emoção
De luxúrias dionísicas e sáficas.
Pobre espírito, compreende que o afeto
Consciente, fiel, puro e concreto
Não te mente, mas mostra-te o real.
Muitas fases na vida, oscilações,
Há, porém só o amor dos corações
Verdadeiros mantém-se sempre igual.