2 Sonetos: ao amor dionisíaco e ao vero amor - Decassílabos Agalopados
Soneto aos amores dionisíacos
Poeta Felipe Amaral
"Vinde a mim, ó sedentos de prazer!" -
Dioniso clamava em tom altivo.
"Ainda há muito tempo e incentivo
Ao sorver da alegria de viver!"
"Não vos deis ao lamento, que o sofrer
Rouba as horas do coração cativo
Que se esquece do hilário e efusivo
Dom dos jovens de amar e de aprender!"
"Não vos acovardeis, ó meus amados!
Deleitai-vos co'os doces dias dados
A vós outros, ó filhos das paixões!"
"Celebrai a hebetude que vos brinda.
Desfrutai da volúpia o gozo, ainda
Que proveis, entre orgasmos, aflições!"
Soneto à busca do vero amor
Poeta Felipe Amaral
Tu não deves doar teu coração
Ao que o belo aparenta exteriormente.
Tu és mais, jovem musa, interiormente
E não deves aos vis satisfação!
Não te quero enganar com a ilusão
De um perfeito bom moço consciente
Que te ensine e encaminhe a mais fulgente
Lei da vida. Não tenho essa intenção!
Mas não achas que há mais que a formosura
Ostentada com pompa nessa impura
Existência que a sina te ordenou?
Tu não buscas a tal profundidade
Que tua alma te cobra na verdade
A qual todo esse luxo te negou?