SONETO QUE PASSA

Descansa dessa vida quem tem sorte,

Adentra a luz dum vir a ser supremo

E a paz do que em si mesmo encontra o norte

Final cantando o seu refrão 'Não temo!'.

Na dor de mais durar, se fraco ou forte,

Além do justo é o erro crasso, extremo --

Migalha a quem tão pouco tanto importe

Negando a sorte ao deus, negando ao demo...

O inverno agora a meio avança e em tudo

Austero fere o signo do que passa

Enquanto de si mesmo diz 'Não mudo!'.

À margem desse rio no qual vamos,

Já, todos, toda glória há muito escassa,

Uns múrmuros, uns pios sombrios nuns ramos...

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Israel Rozário
Enviado por Israel Rozário em 29/07/2020
Código do texto: T7020134
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