Pândega da morte

Só me restou isso: vontade e chorar

Lampejos fúnebres da mi'a agonia

Amor ermo, doce vil ironia

Dor retesada por somente amar

Tarde... tarde demais para falar...

Que amor infindo, e zelo eu lhe daria

Que na mais intensa aurora, riria

Vendo meu amor por ti, no céu, a bailar.

Na atmosfera que dou fétidos sorvos

Há, palpitando como uns grandes corvos

N'uma lápide sombria que moureja.

Morcegos, eu, um violão, uma trova

Farfalhando com volúpia, na cova

Pois lá, a volúpia na farra lampeja...

Cardoso de Figueiredo
Enviado por Cardoso de Figueiredo em 01/08/2020
Reeditado em 01/08/2020
Código do texto: T7023247
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