3 Sonetos às inquietações do amor - decassílabos agalopados
Um Soneto de Iminências
Poeta Felipe Amaral
Haveria de ser grande a saudade…
Deverias ficar pra não doer!
Quererias deixar o meu viver?
Poderias viver com tal maldade?
Ser-me-ia tal a infelicidade!
Trar-me-ias tamanho padecer?
Gostarias de ver-me perecer?
Não terias nenhuma piedade?
Pesadelos são loucos, todos sabem.
Acordando, evitamos que desabem
Sobre a nossa alegria familiar.
De onde vêm? Por que tomam nossas mentes?
Talvez inseguranças ergam frentes
De batalha, buscando-nos provar!
Soneto do amor à esperança
Poeta Felipe Amaral
Há em cada momento de ventura
Uma amostra do que é a perfeição.
Há na brisa que sopra uma razão
Para sermos felizes que perdura.
Arejados, vivemos a doçura
De um instante ou de alguma sucessão
De memórias que portam a visão
Que transforma o existir, alenta e cura.
Psicológico ou táctil, o viver
De um romance é a forma de fazer
Que esta vida sorria e se enterneça.
É no abstrato e concreto que se erige
Nosso ser que, ora acerta, ora corrige,
Mas não deixa que a fé em nós pereça.
Soneto ao amor carnal
Poeta Felipe Amaral
Níveo rosto de traços delicados.
Mãos de pele macia. Olhar castanho.
Braços feitos co'o zelo pra os cuidados.
Finos lábios purpúreos que abocanho.
Dorso firme, alvo e longo que, no banho,
É molhado entre beijos demorados.
Loira trança em que tanto me emaranho.
Doce espádua que incita-me os pecados.
Nuca que eu tanto osculo em nosso leito.
Ventre em que eu deito e durmo, sempre afeito
Aos desejos candentes da atração.
Pernas fartas que nutrem-me a luxúria.
Seios puros que açulam essa fúria
Que, na cama, incendeia a relação.