Sonetos de loucura e sujeição - decassílabos agalopados
Soneto à loucura do amor
Poeta Felipe Amaral
Há na esfera do amor encantos tais
Que enfeitiçam os seres que se atêm
Aos prazeres do mesmo e se mantêm
Prisioneiros de ardis sentimentais.
Nem ainda os que são mais racionais
E centrados na lógica sustêm
Toda a frugalidade que provém
De abstrações próprias dos intelectuais.
É que amor é poder que se afigura
Como ação desestabilizadora
Que desbanca os poderes da razão.
Desordena uma vida que procura
Ver em tudo a certeza condutora
Que a proteja dos laços da paixão.
Soneto à sujeição do amor
Poeta Felipe Amaral
Há na voz do meu bem o som celeste
Que entre os anjos ressoa em Lar Divino:
Suas falas das hostes são o hino;
Cada frase de encantos se reveste!
Gosto tanto de ouvi-la! É inconteste
Seu poder sobre mim e eu me reclino
Para dar-lhe atenção e me destino
A servi-la no que a alma me admoeste.
Serviçal sou dos seus castos pedidos.
Um escravo que, à orla dos vestidos
Do meu bem, ajoelha-se em louvor.
Alma necessitada dos cuidados
Dos seus braços nivosos, delicados
Que me ofertam os óbolos do amor.