SONETO PROFANO
Tendes ao que és, pura e simplesmente
Véspera das cinzas, pó dos dias
Plenos de verdades arredias --
És a tela horrenda dum demente.
Mudas de lamúria descontente
A falsa alegria de vadias,
Se convém -- és ruínas de abadias
Profanadas duma fé incoerente.
Passas entre iguais a ti, malditos,
Pois, ao círculo adequado
Que à distância se anuncia aos gritos.
Morres e ainda és, lá do outro lado,
Vaso de desonra -- estava escrito --
O pródigo filho do pecado.
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