SONETO PROFANO

Tendes ao que és, pura e simplesmente

Véspera das cinzas, pó dos dias

Plenos de verdades arredias --

És a tela horrenda dum demente.

Mudas de lamúria descontente

A falsa alegria de vadias,

Se convém -- és ruínas de abadias

Profanadas duma fé incoerente.

Passas entre iguais a ti, malditos,

Pois, ao círculo adequado

Que à distância se anuncia aos gritos.

Morres e ainda és, lá do outro lado,

Vaso de desonra -- estava escrito --

O pródigo filho do pecado.

.

Israel Rozário
Enviado por Israel Rozário em 11/08/2020
Código do texto: T7032298
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2020. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.