Soneto à Mademoiselle
Lanço cada palavra com máximo cuidado, senhorita
Eu me desdobro, compulsiva, em verbetes para expressar
O que vai dentro, la no fundo, a conjugação do verbo amar
Meu manifesto, intempestivo, áquela que habita
Se me constrange, de passagem, o que palpita
A pulsação dos sentidos já não posso controlar
A caneta prossegue, intrépida, querendo voar
Querendo o toque, afasta a desdita
Ao ler, peço-te fechar os olhos, de saudade
As linhas se comprazem, troféu ao vencedor
Tudo se resume à impecável e célere vontade
Se me perguntas onde guardo tanto louvor
Eu respondo que deixei de lado a castidade
E, com espaço de sobra, transbordou o amor