ESCRITO A FOGO

Respiro adocicadas efluências

nos braços da mulher que me ilumina

os olhos quando a brisa matutina

mistura-se aos resquícios das ardências.

Decifra, teu sorriso, as reticências

de um rosto mendicante e, da retina,

desprende-se a quimera, descortina

o lúbrico indumento das carências.

As vozes dormem juntas no infinito

do amor extravasado, a fogo escrito

em duas expressões transcendentais.

Contigo, auroras trazem calmaria,

contrastes, pois se a boca silencia,

as mãos unidas gritam muito mais.