Esse corcel faminto, cor do fogo,

Esse corcel faminto, cor do fogo,

paciente tal qual o sol à lua,

mas também implacável, surdo ao rogo,

bestial puramente, fera nua,

fosse sábio, em si próprio via um jogo;

sendo rude, lamenta, pela rua,

de casa em casa, afogo após afogo,

exsudando, em suspiros, morte crua.

Esse corcel de guerra a que contemplo,

sem cavaleiro sobre as costas quentes,

nações reduz ao pó que vai-se ao vento.

Enlouqueçam-se nossas pífias mentes!

Ouvimos seu nitrido — estronda "Tempo,

tempos e temporais incontinentes!".

26, 27/08/2020

Malveira Cruz
Enviado por Malveira Cruz em 27/08/2020
Reeditado em 27/08/2020
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