O PATRULHEIRO

Crianças sem um norte, amparo e teto,

expostas ao perigo das esquinas,

mendigam, nem que sejam pequeninas,

porções do que lhes falta: a luz do afeto.

Em suas frias camas de concreto,

o abraço é muitas vezes das neblinas

e a fome, voz que brada nas rotinas,

percorre toda noite seu trajeto.

O Onipotente, apenas, faz patrulhas

enquanto os ferimentos lacerantes

provocam na inocência a dor enorme.

Na casa iluminada por fagulhas

e pelo facho prata, bem distantes,

o lânguido futuro chora e dorme.