FOLIA FONÉTICA

Chocalho de folhas da copa arvorenta,

Se venta, sacode o pagode de galhos;

Assoalho de terra, que emperra e assenta,

Portenta canção de tufão, sopro falho.

Aqui embaralho palavra violenta,

Enfrenta e marrenta, me põe em frangalhos;

Atalhos de frases que case aos cinquenta,

E experimenta sua menta em farfalhos.

Alhos e bugalhos que fazem sentido.

Ouvido instruído na bela harmonia,

Poesia difícil em risco banal;

E o tal desafio com brio retorcido,

Duvido ter tido a coesão, primazia,

Folia fonética, tão musical.

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Interação ao fantástico soneto da Creusa Lima FLOR SE HIBISCO. Leia ele abaixo.

FLOR DE HIBISCO

Semeei no quintal, um pé de hibisco,

No disco, um DJ, mixando, embola;

Viola chora, dançante, rebola,

Galinha d'angola cata marisco.

Os pastores procurando aprisco,

Risco no chão - desço a padiola.

Recreio na escola, rolando a bola,

Caio na sola e no pé de uma argola.

Declama um cordel põe um rabisco,

Um cisco no olho pragueja frajola,

Esmola ao cego atira a espanhola.

Empola o discurso - traz o petisco;

Belisco o nariz, seguro a sacola,

Corpo de mola, depois eu confisco.

(Por Creusa Lima)

Leandro Severo da Silva
Enviado por Leandro Severo da Silva em 10/09/2020
Reeditado em 10/09/2020
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