Vozes
Escuto ainda na tarde derradeira,
Os dobres d'outrora quando emsombrece...
Vão os dobres serenos como freiras
A orar no claustro suas etéreas preces.
Vai a vida nos flóreos bosques pranteando,
Nos altares de rosas a fragrância...
Essas vozes do passado cantando,
Sacras as melodias de minha infância.
Escuto-lhes ainda nas áureas telas,
Nostálgicas vozes, plangentes, belas...
- Vão os sinos serenos como freiras...
Ai, na clausura do alto campanário,
Da minha infância, os dobres funerários
Cantarem até na hora derradeira.