O DILEMA DO RETIRANTE

Os rasgos da terra sedenta, o roçado

sem vida por causa da grande secura

relembra um senhor embebido em tristura

no meio do trânsito intenso, aloucado.

Por ver a família sofrendo, coitado,

sem outro remédio, saiu à procura

de alento nas ruas, nos prédios da dura

rotina escolhida, no chão asfaltado.

A casa de taipa coberta de palha,

gravada na mente, seu peito retalha

porque da frieza se fez um refém.

Conduzem plangores os vincos no rosto

e a fome dos filhos supera o desgosto

daquele sujeito: voltar não convém...