O ESTREITO DE ÉDEN

Além está o rio, antes do azul,

antes mesmo da água, um rio além

do rio, a cavalgar o dia num púl-

pito de estrelas, vãs, de morto Amém.

Além está até do fim. Ao sul-

co de suas patas afogo-me, sem

gole, à gula das glândulas refluo

sem qualquer Deus: um rio para ninguém.

Somente em mim afundo a nau nasal

como no Saara a abóbada do ovo

num pão de dó que a tudo abisma e une ao

rio, que está além, a sós, antes do dano

que fez-me póstumo, para de novo

fazer-me e morrer-me à praia do humano.

Kissyan Castro
Enviado por Kissyan Castro em 22/09/2020
Código do texto: T7069892
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2020. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.