MEU CASTELO

A madrugada desnuda o flagelo

de um coração machucado, à deriva

na imensidão da saudade que aviva

os panoramas de um sonho singelo.

Enquanto a dor me importuna, opressiva,

sobre o sinistro negrume pincelo

meu desespero e desenho o castelo

onde, sorrindo, a princesa cativa.

Sem refrigério, distantes das cores

esparramadas no rútilo abrigo

definhariam suspiros carentes.

Da solidão desafio os rigores

quando te busco e consinto o perigo

de delirar sem saber o que sentes.