[ estudo de soneto para uma musa quiçá inventada ] I.
negar este desejo que me habita
é negar este amor louco que sinto
por ti, musa morena e infinita.
e é por inteiro, quando te digo isto:
despertar em teus braços e com tua
boca na minha, dá razão ao dia.
que no teu sorriso, encontro-me à lua,
e na tua pronúncia, à melodia.
que de ti, musa moderna, germina
este meu querer dócil e selvagem.
— e inda que o tempo passe, não termina.
porque os que se amam, assim ficarão:
numa úmida e sigilosa linguagem
de encontro e de perdição. se amarão.