Velório

Ardia a vela em pires refratário,

Sobre a marmórea pedra branca e fria,

À distância dali também ardia,

Em baixo pranto um peito solitário. 

Dois choros, cada um no seu calvário,

Estava uma a chorar porque morria,

Aquele a prantear por quem não via,

Ambos ao som do mesmo campanário.

De repente, eis que chove e apaga a vela,

Ele que antes velava já não vela

E às pressas sai do infesto cemitério.  

Volta então o silêncio sepulcral,

Onde o bem se mistura com o mal, 

Cercado por miasma deletério.  

                              Aracaju,  24/ 09/ 2020

Um Piauiense Armengador de Versos
Enviado por Um Piauiense Armengador de Versos em 02/10/2020
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