AFETAÇÕES AO ENTARDECER

Qual enfadonha face antiga se me apresenta,

o desabar lasso e frouxo de um poente qualquer.

Enquanto maligno inseto pela fresta adentra ,

pousando insolente e pomposo ao colo da mulher.

A indolente fímbria do horizonte cor de anil,

rumina a fria última luz que ao meu enfado empresta.

À preciosa, pés por estrado, asco sutil,

os humores febris, sob compleição tão modesta.

Findado ocioso ofício de o dia passar,

a noite consigo traz a febre que lhe toma.

A preciosa à alcova, vê a morte lhe visitar.

E tamanha deselegância, à gente assombra.

Cessar aceitável sonata, morosa e bela,

pra vir a óbito,tão inútil, de febre amarela.

EDUARDO PAIXÃO
Enviado por EDUARDO PAIXÃO em 23/10/2020
Reeditado em 23/10/2020
Código do texto: T7094471
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