À Bolina

"Deus fez-nos cheios de buracos na alma e o nosso dever é tapá-los todos para navegar."

Vergílio Ferreira

Nem Píramo nem Tisbe ou o pote d'ouro

Após o arco-íris, como combustível

Ou o declinante Hyperion do Keats crível

Qual gnose dum mirífico vindouro?

E nenhum barlavento haure fulgor

Ou estro, qual vão lirismo incognoscível.

Talvez o Endymion porque imarcescível,

Assim invicto em confluir ou a fé que for.

Far-se-á surdir das trevas, porventura,

Na quididade diáfana de Heráclito,

O espectro misantropo em desventura,

Adur, em senda helíaca, ressurge ínclito.

Etérea, a sua voz ainda me murmura...

À bolina dum indígete ou um paráclito.

Rute Iria
Enviado por Rute Iria em 24/10/2020
Código do texto: T7094844
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