Sem Norte

"O destino marcou-nos com o sinal dessa procura e em todos os recantos de existirmos ele se manifesta."

FERREIRA, Vergílio “Arte Tempo”, edições rolim

Marmórea a Mnemosyne, eu nua em espuma

Impoluta, fremente ranjo os dentes,

Mordo arrepsia acerada qu'entrementes

Implexa, me atordoa. Imerjo enquanto uma

Bússola me evanesce e mais nenhuma

Efígie reverbera tão fielmente

Senão uma rosa branca, e de repente

Dissolvo-me - sou cinza que avoluma.

Sem Monte Horeb ou Porto, neptuniana

Bissexta brisa, véu d'alteridade

No espelho em estertor que me profana.

Túrbida a Cifis rasga-me dentro e há-de

Abjugar na memória uma atra liana.

Sou Medusa sem Norte, nome ou idade.

Rute Iria
Enviado por Rute Iria em 24/10/2020
Código do texto: T7094846
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