Quando Deus e o Diabo Dançam

Entre Ásculo e o sal próprio à Taprobana,

Um corvo na penumbra que remonta

Ao lúgubre, insalubre da reponta,

Num tecto falso fiado a filigrana.

Volteia a valsa entre pírrica e cadmeana,

Como se em Lynch, a heurística desponta.

Na bandeja, a cabeça salda a conta

Que jamais La Palisse olvida ou sana.

Dança na iniquidade como afim

O "Ignoto Deo"* em abjurado desacerto

Voa entre Dagom e "The Waste Land"** passim,

Everte a fé em exício, arrepio incerto.

Freme a perplexidade: qual malsim,

O antitético almo é álgido deserto.

[* GARRETT, Almeida "Folhas Caídas" (1853)

** ELIOT, T. S. "The Waste Land" (1922)]

Rute Iria
Enviado por Rute Iria em 26/10/2020
Código do texto: T7096300
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