ELEGIA DE UM MUDO
(do meu livro "Rosas Do Vento", 1987)
Não quero estar vivo
depois deste vendaval
errante que passa
por minha cidade natal...
Nem quero ser lembrado
nem quero pranto na minha ida
nem flores, nem falsos discursos
não quero epitáfio - só terra batida.
Já os anos reclamam o tempo perdido
dos meus descaminhos e sinto estar perto
o fim de tudo que se vê e o que está escondido
Espero a morte, pois que vivo incerto
Mudo, sem lembrança - um ser incompreendido
Sozinho, como o sol no deserto...