NOTURNO
(do meu livro "Lira Casual, 2000)
Na vastidão do céu noturno o tempo
Espreita o mar aberto com olhos transcendentais
E no silêncio só se ouve o bater das ondas
Que trocam com o vento segredos e ais
A noite alta o mar imenso - a solidão
O tempo sem volta perde-se nas vagas
A tormenta não tarda e a nau sucumbe
E o vento chora nos braços das fragas...
Dorme a nau em mar profundo
Já não mais percorre o mundo
já não há chegada nem despedida
Já ninguém se vê a esperar nos portos
Já ninguém mais lembra os vivos e os mortos
Já nada resta das glórias de uma vida...