O FOTOGRAMA

Deitado nos destroços, prepondera

o rastro de desgosto transformado

nas passageiras luzes da sincera

saudade, lenitivo festejado.

Abrigo nas entranhas da quimera

aquele fotograma desbotado

porque matiza minha primavera

a genial parceira deste fado.

As cores alimentam a porfia,

enfeitam ilusões do mendicante

que trilhas perigosas desafia.

Emerges da penumbra sufocante,

trazida pela súplica tardia

do sonhador, contrito caminhante.