PARA QUEM CULTIVA A SAUDADE
(do meu livro "Lira Casual, 2000)
Para quem cultiva a saudade
Os dias passam muito lentamente
E nem todo tempo do mundo basta
Para curar a dor que deveras sente
E quem vive revivendo o passado
Ignora o futuro - perdido no presente...
É um ser por demais triste e só
E de si mesmo está sempre ausente.
O tempo - dono de si - não para nem espera
Pelos que passam pela vida sem viver
Ocupados que estão, no exercício da quimera...
Quem vive, sempre de lembranças remoer
Desprezando todas as flores só por uma primavera
Nega a si mesmo, que é pior que morrer