A mendiga

Bateu em minha porta certo dia
Sedenta, esfomeada, uma mendiga;
Descalça, em andrajos - de fadiga,
A sua voz nem quase se ouvia.

Num suplício por água e pão pedia
Dizendo-me: a fome e sede obriga
A mim, que já fui bela rapariga
Pedir aos outros o que me sacia!

- Fui nova, fui bonita, fui amada,
Tenho ainda comigo bem guardada
Uma carta que há anos recebi!

E ao mostrar-me a carta que ela tinha,
Quase chorei – pois a carta era minha
Que ainda mocinho um dia lhe escrevi.



 
Allves
Enviado por Allves em 02/01/2021
Reeditado em 15/06/2021
Código do texto: T7150362
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