O TEMPO, O COSTUME E A DEPENDÊNCIA

Por que você me encara desse jeito ausente,

com olhos de quem olha e não consegue o foco

e tenta disfarçar, sorrindo gelo em bloco?

Cê não mascara mais seu todo indiferente.

Pra que continuar, sabendo que pra gente

já deu, tesão passou e nada mais provoco

em seu instinto amor, de fogo a neve em floco?

Melhor não adiar e caminhar à frente.

Dois seres que se curtem, a gozarem o elo,

não podem cativar-se a anseio de constância;

o bom é se vibrar no tom, enquanto belo,

depois se devolver e procurar distância.

O foda é que, sabemos nós, o violoncelo

da orquestra dependência ajusta a dissonância.