O PARALELO

A tarde melancólica, chorando à rua

deserta, sem dourados de harmonia e crença,

lamenta a rendição do sol à nuvem densa,

que traz precocemente noite avessa à lua.

E infértil, derrotada, seca de esperança,

entrega, sem reação, o seu lugar no dia...

Tal como a tarde frágil, nesta casa fria,

me sinto violentado, a remoer lembrança...

de quando estamos juntos, a apertados laços

colando nossos corpos de condões devassos.

Eu sempre a postos, seu amante mais submisso.

No entanto vivo aqui; você, no seu castelo,

cuidando da rainha e do filhinho belo.

E só me afaga, se faminto por meu viço.