Passar pela vida
Viver na superfície deste mundo,
Sem danos, sem surpresas, sem espantos
Ou submergir, buscar o mais profundo,
Correr perigos, desvendar encantos.
A plenitude está nos entretantos,
Quem teme as dores nunca chega ao fundo,
Nem toca o lodo dos sombrios cantos,
Do lago, o ponto sempre mais fecundo.
Por ser a vida o dom mais precioso
E o mundo sendo hostil e perigoso,
Jamais se deve, à morte, dar guarida.
Porém, aquele que não corre um risco,
Sempre escondido, fugidio, arisco,
Existe apenas, mas não vive a vida.