Prévio Ateu

Elevando os braços ao azul celeste distante

E descojurando todos os deuses invisíveis,

A humanidade clama: — “Deuses inflexíveis,

Dos quais amparam o horizonte triufante,

Por qual motivo nos criastes? Constante

Acelera o tempo e só dispõe, insaciáveis,

Mal, heresia, miragens, pugnas horríveis,

Em um redomoinho tirânico e alucinante...

Logo não seria preferível na trégua indulgente

De coisa alguma e do que ainda não existe,

Ter permanecido dormindo perduravelmente?

Por qual motivo para desgraças nos evocastes?”

Contudo os deuses, com vozear ainda mais triste

Clamam: “Homens, por qual motivo nos criastes?”

Samira Vilaça Araújo
Enviado por Samira Vilaça Araújo em 21/01/2021
Reeditado em 21/01/2021
Código do texto: T7164888
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