As emoções do poeta

Mantêm-se guardada a dor que matura;

Mas, logo em seguida, o peito a deporta

E então deverá passar pela aorta,

Trilhando um caminho ardente de agrura.

O tal menestrel um verso costura

Mas logo desiste... excêntrico, aborta

Aquela missão. E a dor se transporta:

Nas veias se espalha... amplia a tristura.

O tempo se esvai; o vate se empenha

E fica aguardando, até que lhe venha

Um magro soneto... assim que possível...

Quaisquer emoções ou dores que sinta

No estágio final, transformam-se em tinta

E são do poeta o seu combustível.