Soneto em preconceito
Que manto esse a recobrir a rua,
De névoa escura e o branco perde o posto.
Que manto esse a me causar desgosto,
Quando contemplo a sua face nua.
Manto de gosto dúbio, ignomínico, roto.
Manto tecido com linhas frágeis, fibras cruas.
Tinto de vômito bêbedo, lôbrego, de arrotos,
Que, viciosa e indecorosa roupa abutua.
Cruzo de lado quando vejo a cena sua,
São cães sarnentos farejando fêmea em cio,
Cães vagabundos, cães imundos, arrepio.
Mudo de ânimo, nauseante à voga suja.
Tais atitudes abomino e me avio,
Eu me evito de bebuns, damas não lúcidas.