SOZINHO

Não adianta acreditar que o beija o amparo,

que seu parceiro, que o celebra e tanto o adula,

irá, deveras, deglutir-lhe a sina fula

ou simplesmente adocicar seu gosto amaro.

A vida armada, atroz, indômita o especula

e lhe reserva um só projétil pro disparo,

ninguém, jamais, será o escudo ou anteparo

para impedir o ataque a sua sorte nula.

Pois se prossegue, neste mundo traiçoeiro,

no mais completo isolamento e em descaminho,

embora pensem o contrário os iludidos.

Desde o princípio, somos todos conduzidos

ao vil momento do respiro derradeiro,

que se dará - por mais que berre! É em vão! - sozinho.