MISÉRIA

Nas cidades e bairros tem flores sangrando

Pela perda de muitas águas desse mar

São as estações fortes que vêem regrando

A vida de quem já desistiu de lutar

Em seus galhos balançam, resistem ao vento

Sendo tudo o que mais precisavam: gritar

Que elas dormem, sonhando e rezam ao relento

Pelo conforto que jamais vão alcançar

Inda fazem doçuras de mel, puro alento

De quem ainda assim, continua a sonhar

Com o místico pão do próprio sustento

Pura ilusão de quem logo vai naufragar

Dando murros em blocos frios de cimento

Erguidos por malucos só pra torturar.