A PASSARELA

A névoa densa encobre os refletores

e a brisa passa, sopra gelidez

naqueles maltrapilhos outra vez

envoltos em precários cobertores.

Aos langues corações os moradores

das ruas onde grassa rispidez

recolhem o que a vida não desfez:

resquícios de jardins alentadores.

Orvalha os papelões da confraria

a noite lacerante que angustia

guerreiros encerrados numa cela.

Não tarda e o fogaréu no firmamento

anunciará que o leito de cimento

precisa dar licença à passarela.