Soneto sem Título

Brilhar? Ninguém mais pode do que eu.

Sou quem possui luz. E, mais que tê-la,

cresci nas fontes do que já morreu;

fui a causa da queda de uma estrela.

Minha vontade, um dia hei de perdê-la

quando a vida, já longe do apogeu,

Sem nortes, decidir caminhar pela

estrada do livro que ninguém leu.

Há muito sou maduro, mas não passo

de uma simples faca de meio gume;

um caçador preso no próprio laço.

Que venha o julgamento sobre mim,

pois é como a ópera se resume:

jamais serei visto. Melhor assim?