A rosa esquecida

“Oh! Esta flor desbotada,

Já tantas vezes beijada,

Que de mistérios não tem!

Em troca do seu perfume

Quanta saudade resume

E quantos prantos também!”

(CASIMIRO DE ABREU)

Com a mente de inquietações abarrotada,

Pelo meu bem precisava ser distraída.

Um livro abri, e eis que aos meus pés vi caída

Uma rosa, há muito morta e ressecada.

Apanhei tal lembrete de uma passada

Alegria primaveril de minha vida,

Hoje jazendo putrefata e esquecida

Nos báratros de meu cérebro sepultada.

Pergunto, então, a mim mesmo: quem teria

Me concedido este gesto de afeição?

De qual jardim foi apanhada, e em que dia?

Quem foi esta pessoa? Conjeturo em vão.

Vive, ou num túmulo já ressona tão fria

Quanto esta rosa desbotada em minha mão?

Galaktion Eshmakishvili
Enviado por Galaktion Eshmakishvili em 12/04/2021
Código do texto: T7230299
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