OSCILAÇÕES - soneto

Sou como a folha que baila no vento,

levada longe pelas mãos de Deus.

Espaço aberto, vôo no pensamento,

como fantoche de cordões ateus.

Olhar perdido nos cantos das ruas,

por trás dos morros, feito chuva densa,

pousado em rimas, nas planícies nuas,

molhando campos sem pedir licença.

Outrora firme como rocha bruta,

hoje poroso, areia diminuta,

indivisível e incontável ser.

A minha essência permanece inteira:

poeta e louco, sem berço ou bandeira,

invento versos para não morrer.

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