Em justiça dos poetas

Não vão o julgue de menos ou de mais,

Se não sabe o motivo do poeta,

Nem todo entendimento que ele traz

E nem todo universo que ele afeta.

Não o julgue como pessoa asceta,

Não é bem isso o que um poeta faz.

Há algo além da beleza direta,

Algo além da dor expressa no cartaz.

Cego que não sabe que não enxerga,

Um doente que a doença posterga,

Mas que quer adoecer antes de tudo;

Porque o poeta é mártir inconsequente,

É a versão que é negada na sua mente,

Que exprime gritando aquilo que é mudo.

Anne Negreiros
Enviado por Anne Negreiros em 26/04/2021
Reeditado em 22/08/2022
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