Soneto de Anonimato

Uma mulher existe, não sei onde,

Que, ao chegar, beija-me, constrange e voa.

Provoca tanta angústia de tão boa;

Redime os meus pecados, e se esconde.

É vão lhe suplicar que não me sonde,

E que me deixe em paz, mesmo que à toa:

Seu mal dissolve o doce da pessoa;

Seu bem confunde e a nada corresponde.

Se um dia ela tomar forma terrena,

Meu coração cansado há de alcançar

A paz que a eterna solidão condena.

Se um dia a Terra herdar o seu formato,

Serei o mais cativo por amar

Alguém que preferiu o anonimato.