[ sem título #34 ]
tu não baterás a minha porta; pois tu
não existes. és senão meu devaneio
criado; meu refúgio inventado. pouco
importa citar Augusto, pois sei-me
Solitário. pouco importa, neste momento,
os poemas de amor; tu não estás nas
linhas livres nem nas linhas metrificadas
— os decassílabos que tentei nesta
pandemia, naquela noite fria, resfriado,
espirrando, usando da farmácia e do
remédio caseiro, para no fim, me
deparar com o imenso fingimento dos
mesmos. tu não existes, mulher amada,
musa alada; e te procuro, sabendo que
inexistes, junto com este meu amor fabricado.