Outro Soneto

Na aflita tarde gris de céu nublado

manchada da fuligem e fumaça,

as grades aprisionam as vidraças

no urbano paisagismo desvairado.

No trânsito caótico instaurado,

atônita, a cidade se embaraça

num vasto torvelinho que transpassa

os sinos dos ocasos profanados...

Ao coro de sirenes e buzinas,

aos poucos, a metrópole ilumina

o curso da avenida abandonada.

A noite coleciona outro soneto

enquanto tu recitas, em dueto,

os versos dos teus passos na calçada...