FALSOS PROFETAS

O que se passa ao peito estéril quando só,

assim que adentra em sua alcova, traiçoeiro,

de essência em gana de furar, tal carniceiro

a se afiar constantemente em dura mó?

O seu disfarce sob o austero paletó

jamais esconde-lhe o jaez interesseiro

a propagar a hipocrisia em seu puteiro

de monges vis, a orgias mil, cheirando pó.

É tanto podre! É tanto nojo desses ratos!

Seus pensamentos mergulhados em peçonha,

enquanto feitos são tingidos na água santa...

de sangue alheio, fome alheia; espúrios tratos.

Exploram fé de dia e, à noite, babam fronha

em sacanagem que ao capeta engulha, espanta.