QUERO UM HOMEM !
Sinto falta da doce ilusão do amor,
Do estímulo da volúpia do acasalamento,
Do doce abandono do gozo e seu torpor.
Sinto falta da andromania da paixão,
Da fagomania depravada do tesão,
E tão simplesmente do abraço...
Gesto cúmplice de comprometimento,
De um olhar que me penetre
Ferindo um pouco como o aço,
Sinto falta de um homem,
Que me queime em sua febre,
Que me ame e me atormente,
Que me domine... Ou pelo menos tente!
Como uma praga necessária no jardim,
Que satisfaça essa paixão vulgar latente em mim.
Mas o quero hábil, destro, perspicaz,
Que me confunda em seu sarcasmo, que me queira assim, rebelde e contumaz,
Cínica e meiga, volúvel como um prisma!
Que me venha esse homem,
Esse bruxo com sua alquimia,
E matando meus desejos me tire da apatia,
Que tenha um cheiro agreste
De mato recém cortado,
Que tenha gosto de vinho e orvalho,
E me embriague de tanto amá-lo,
Que me liberte esse homem...