[ sem título #35 ]

noturno, peço, às estrelas do meu

signo, a ilusão da tua figura.

mas a noite as oculta, se me escuta.

e sou apenas eu no vasto breu

a sentir a invernia do que não

se deu — e de modo algum se dará.

afinal, musa, sei que não virá.

és mera esmera quimera: ficção.

inda que no meu espírito humano

floresça o mínimo canto de um dia

vê-la viva no zéfiro do campo.

porque embora tu inexista, nada

impede que, vendo a minha agonia,

pensem os deuses, na tua chegada.