Tarde de domingo
No seio dado ao filho, adormecido,
O leite tem sabor também de sal,
Exato ao pranto neste olhar sentido,
Molhando o magro colo maternal.
A vida é fardo sempre desigual,
Bem leve a poucos e, aos demais, sofrido!
A grande massa ignota, exposta ao mal,
Querendo ver na dor algum sentido.
Domingo à tarde, a praça está vazia,
Cidade inteira dorme neste dia.
A Roda da Fortuna interrompida.
Porém, voraz, a fome do pedinte
Não cede e ataca com maior requinte,
Clamando, em vão, um prato de comida.
Belíssima e honrosa interação do Grande Poeta e Amigo Fonseca da Rocha:
De domingo a domingo
Clamando, em vão, um prato de comida,
assiste o povo passando apressado.
A indiferença caminhando ao lado.
Desprezo e fome, parceiros na vida.
Não são carros ou ternos alinhados,
falsas certezas no supérfluo erguidas,
mas a desigualdade, ímpia ferida,
a consumi-lo qual faz o pecado.
Nem é por si toda aquela revolta,
intermitente, mas que sempre volta.
Mas pelo que jaz, anjo decaído!
O sono eterno, embusteira esperança.
Presente inútil, da mãe à criança,
no seio, dado ao filho adormecido.
No seio dado ao filho, adormecido,
O leite tem sabor também de sal,
Exato ao pranto neste olhar sentido,
Molhando o magro colo maternal.
A vida é fardo sempre desigual,
Bem leve a poucos e, aos demais, sofrido!
A grande massa ignota, exposta ao mal,
Querendo ver na dor algum sentido.
Domingo à tarde, a praça está vazia,
Cidade inteira dorme neste dia.
A Roda da Fortuna interrompida.
Porém, voraz, a fome do pedinte
Não cede e ataca com maior requinte,
Clamando, em vão, um prato de comida.
Belíssima e honrosa interação do Grande Poeta e Amigo Fonseca da Rocha:
De domingo a domingo
Clamando, em vão, um prato de comida,
assiste o povo passando apressado.
A indiferença caminhando ao lado.
Desprezo e fome, parceiros na vida.
Não são carros ou ternos alinhados,
falsas certezas no supérfluo erguidas,
mas a desigualdade, ímpia ferida,
a consumi-lo qual faz o pecado.
Nem é por si toda aquela revolta,
intermitente, mas que sempre volta.
Mas pelo que jaz, anjo decaído!
O sono eterno, embusteira esperança.
Presente inútil, da mãe à criança,
no seio, dado ao filho adormecido.