Trajavas a rua as vestes da aurora...

Trajavas a rua as vestes da aurora,

Na solitude gélida do outono...

Carregavas-me o préstito das horas,

Na pulcritude d'um eterno sonho.

Na penumbra dos campos já floridos,

Deixaste-lhes ali meus sentimentos;

Em negras pétalas adormecidos,

Cobertos pelo trôpego dos ventos.

As dores de um olhar tão solitário,

Findar-se irão em prantos e pesares,

Num féretro ao final desse fadário.

Enquanto não me vem a despedida,

Ó vida de amarguras e luares,

Cantai-me ainda numa sombra esquecida.